A inquietação de um coração rebelde
por Charles R. Swindoll
Provérbios 13:13a
“Quem despreza a palavra perecerá por ela” (Provérbios 13:13a)
Não existe idade, nem classe social para uma pessoa ser teimosa e rebelde. Isso pode acontecer em qualquer condição ou fase da vida. Embora fosse inteligente, rico, capaz e filho de um pai famoso, Salomão tornou-se um homem insolente e carnal. Ele não era um jovem rebelde vivendo sob o teto dos pais; era um homem de meia-idade que atingiu o auge do sucesso.
Em 1 Reis 11, podemos observar que a rebeldia de Salomão não foi de uma hora para outra. Havia algumas sementes que ele plantou cedo na vida e que colheu na idade adulta. As primeiras sementes foram as concessões feitas em sua caminhada espiritual.
A vida de Salomão serve como um alerta para todos nós. Ele amou muitas mulheres estrangeiras, entre esposas e concubinas, incluindo mulheres de povos que o Senhor havia proibido por causa da idolatria. Ele não apenas as abraçou, ele as abraçou publicamente. Ele não apenas se casou com elas, ele as cortejou diante do povo de Israel. Ele ostentou tudo isso.
Com o passar do tempo, Salomão já não era mais fiel como antes. Chegou ao ponto de erguer locais de culto a deuses pagãos, até mesmo em Jerusalém. O Senhor lhe apareceu duas vezes para adverti-lo, mas ele não obedeceu. Pequenas concessões se transformaram em alianças políticas perigosas e na perda de sua identidade como homem sensível à voz de Deus e como governante de um povo monoteísta.
Aos poucos, Salomão foi se afastando da simplicidade e passou a cultivar a extravagância: gastos excessivos com utensílios de ouro, cavalos e carros de guerra. Autocontrole e contenção não faziam parte de seu vocabulário. No diário que se tornou o livro de Eclesiastes, ele revela como esse estilo de vida acelerado e arriscado resultou em tédio e desilusão. Este é o fruto da extravagância.
Não vemos Salomão ouvindo conselhos sólidos. Embora tenha escrito sobre sabedoria no livro de Provérbios, ela esteve visivelmente ausente em sua vida. No fim das contas, ele ignorou a voz de Deus, e isso é fatal para qualquer líder espiritual. Por causa dessa rebeldia, Deus falou com Salomão que tiraria o reino de suas mãos, mas que, ainda assim, por amor a Davi, seu pai, Ele o deixaria com uma tribo. Davi também teve suas falhas, mas o coração dele permaneceu sensível ao Senhor. Quando pecava, não se justificava nem endurecia, mas se humilhava e se arrependia. Esse coração temente a Deus fez toda a diferença, algo que Salomão, no fim, deixou de cultivar. Ninguém pode escapar das consequências da desobediência e da irresponsabilidade, e a rebeldia foi a ruína de Salomão.
Que este exemplo nos desperte para a urgência de mantermos o coração alinhado à Palavra e à vontade de Deus. Não basta começar bem; é preciso terminar firme, cultivando um espírito obediente e humilde diante do Senhor. Quando a rebeldia é substituída pela humildade e pela obediência, encontramos paz e permanecemos no caminho que conduz à vida.
